Não faltam ideias

Não faltam ideias

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Estive recentemente em Três Fronteiras, Santa Fé do Sul e Fernandópolis. Inaugurei a Unidade Avançada de Atendimento Judiciário no primeiro município, valendo-me da compreensão do Prefeito Flávio Luiz Renda de Oliveira, o Flavinho, que forneceu o antigo prédio da Prefeitura, estrutura material completa e estrutura pessoal.

Compreendeu que o Judiciário-gigante de São Paulo não tem orçamento para atender a todas as demandas. E as pessoas moram no município, não na União ou no Estado. Se o Prefeito não ajuda, a Justiça não tem como funcionar. Fui honrado com a outorga do título de Cidadão Trifronteirano e com a cidadania fernandopolense, gesto de respeito das comunidades, por suas Câmaras Municipais, em relação ao Tribunal de Justiça de seu Estado.

Voltei à região depois de 41 anos. Fui Promotor Substituto em Votuporanga a partir de janeiro de 1973. Fiquei impressionado com o desenvolvimento em todas as cidades. Todas arborizadas, ruas largas, limpeza, ordem, vontade de trabalhar e alegria do povo. Santa Fé do Sul adotou uma ideia singela e praticamente gratuita para consolidar sua vocação de estância turística.

Houve incentivo da Municipalidade para cada casa contar com uma espécie de palmeira que atrai araras. E testemunhei, logo na manhã do feriado da Proclamação da República, revoadas de araras tornando a cidade uma espécie de zoológico sem jaulas, sem grades, sem redes. Não eram só araras. Eram papagaios, maritacas, periquitos e outras aves.

Trinando, cantando, gralhando e mostrando que a natureza é generosa quando não é maltratada. Essa boa política se converteu numa verdadeira externalidade benéfica para Santa Fé do Sul. A partir daí, os telefones públicos são abrigados sob a forma de araras, os monumentos lembram essa ave e os inúmeros peixes que ainda existem, nada obstante a crise hídrica. Situação mundial e não apenas paulista.

A merecer a preocupação constante de todos e providências urgentes. Aqui também vale uma boa ideia: fazer com que cada cidadão se responsabilize pelo plantio, desenvolvimento e cuidado permanente de uma árvore. O desmatamento é a causa primeira da desertificação. Vamos devolver à natureza o que roubamos dela. Criminosamente. Pois ou agimos com premeditação ou por negligência, que é também uma culpa delitiva.

VIA Renato Nalini
Sou Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo. Docente universitário. Membro da Academia Paulista de Letras. Autor, entre outros, de Ética da Magistratura (2ª ed.), A Rebelião da Toga (2ª ed.) e Ética Ambiental (2ª ed.).

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