As Lagoas e os Felipões

As Lagoas e os Felipões

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Brincávamos eu e Márcio (Aguiar), agora há pouco, na minha sala, sobre a possibilidade, ou melhor, sobre a probabilidade de uma nova e certeira derrota, por goleada, das equipes brasileiras que vão disputar as olimpíadas de 2016.

Encaixávamos exemplos hipotéticos nas pequenas vergonhas nacionais, como a nova modalidade esportiva a ser disputada na Lagoa Rodrigo de Freitas, de Remo com Obstáculos.

Sim, porque, depois da “falência” do “Eike”, aquele trabalho de despoluição das águas cariocas foi para o buraco.

Alguém vai dizer que as brincadeiras são injustas, já que a Lagoa não está tão poluída assim, e a Copa do Mundo foi um sucesso.

Verdade; a Lagoa não está tão poluída, mas, não perdendo a piada, a Baía de Guanabara está.

E quanto à Copa, foi mesmo um sucesso, mas, graças à organização da FIFA e ao belo espetáculo produzido pelas seleções e pela torcida, cujos efeitos visuais puseram para debaixo do tapete as imagens dos tapumes e andaimes nos aeroportos brasileiros.

A verdade é que o nível de nossos esportistas revela o nível de cultura e de educação do nosso povo.

Matéria sobre as melhores universidades do mundo, que ficam obviamente nos EUA, mostrava, dias atrás, os benefícios das políticas migratórias, quando elas se destinam ao desenvolvimento intelectual e profissional do cidadão, valendo lembrar que as universidades norte-americanas concentram o maior número de estudantes estrangeiros do planeta, que vão em busca da excelência do desenvolvimento humano.

No esporte é a mesma coisa. Muitos de nossos atletas de destaque não moram (treinam) no Brasil, por motivos óbvios.

Nossa seleção brasileira de futebol foi massacrada por uma equipe altamente desenvolvida tecnicamente, resultado da busca aguda desse nível de excelência.

Não foi por outro motivo que a CBF cogitou trazer um técnico estrangeiro para substituir o “Felipão”, inegável reconhecimento tácito do atraso brasileiro.

O País precisa acordar.

Com um clima tropical de invejar, na América do Sul, o Brasil perde para o Chile a posição de produtor de energia solar, porque não tem capacidade qualitativa para industrializar os painéis, que devem ser, em parte mínima, produzidos no País, para poder receber financiamento do BNDES.

Falta investimento no capital humano.

Nossos atores políticos não têm competência para reverter esse quadro.

Enquanto isso, vamos tomando de goleada.

Fernando Corbo é advogado do escritório Corbo, Aguiar e Waise Advogados Associados.

3 comentários

  1. Lamento muito pelos nossos valentes esportistas. Já nascem com a medalha de ouro pendurada no pescoço. São vencedores da sobrevivência. A maioria dos nossos grandes atletas olímpicos, independente das modalidades, muitas sequer ouvidas por aqui, são verdadeiros campeões. O esporte, para eles, e um boa classificação olímpica, é o Olimpo. Esses atletas, na sua larga maioria, precisam desde cedo vencer obstáculos que a própria vida os impõe pela frente. São músculos construídos com as dificuldades da vida, desde a necessidade de se alimentar, quanto a ter forças físicas e psicológicas para treinar. O país não investe no esporte, já que esse pouco dinheiro, para o Governo, certamente faria falta para as obras eleitoreiras. E o esporte, para além do nosso futebol, que vai muito mal e já não vive da própria sorte, não dá votos para ninguém. Que essa mesma sorte, que já ajudou muito ao nosso ultrapassado futebol, ilumine os nossos desamparados atletas olímpicos e não os puna, ainda mais mais, com outra goleada moral. Eles não merecem isso.

  2. Fernando,

    Com todo o contexto social e político envolvidos, e que de fato exemplificam nossa realidade, temos que lembrar que a imprevisibilidade do futebol é real.

    Com as mesmas mazelas atuais ganhamos 5 títulos mundiais, inclusive de europeus, como a própria Alemanha há pouco mais de uma década.

    Apenas acho que nossos problemas fora de campo não refletem este vexame da semifinal. Mas sim um grupo muito inferior ao outro. Nossa seleção, que entrou em campo, é sofrível.

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