Suponhamos que…
Constantemente digamos sem reserva alguma o que pensamos.
Hoje e amanhã, sem parar, estapeemos a honra alheia.
Atiremos traços de nanquim em alvos prediletos.
Rabisquemos valores e culturas com sátiras caricaturadas.
Louvores pelo fim da repressão fizessem da expressão, então liberta, a nova prática de opressão.
Ignoremos que charges alemãs ridicularizavam judeus nos preparativos da Segunda Guerra.
Exercícios de ironia e subestimação de crenças religiosas fizessem a alegria de cartunistas.
Hierarquias jurídicas estabelecessem no ápice de todos os direitos a liberdade de expressão.
Esforços para a instalação da paz fossem evidentes simulacros pela falta de respeito entre os povos.
Batizemos nossos filhos com o nome de jornalistas dedicados ao bullying sistemático em escala internacional.
Dinamites, artefatos bélicos e terror generalizado medissem força com um direito esquálido e amoral.
Olhemos a violência como vítimas indignadas, inocentes, insensíveis ao fato de que liberdade, igualdade e fraternidade estão muito distantes da (des)graça de tratar os demais como bonecos de diversão.
Suponhamos que este seja o mundo que construímos!