Empreendedores: Uni-vos!

Empreendedores: Uni-vos!

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Em período de policrise, a tendência natural é o desalento conquistar as mentes menos preparadas para o sofrimento. A geração hedonista e consumista se acostumou a priorizar o conforto, a comodidade, a vantagem sob todas as suas fórmulas. Não está mais afeita a sacrifícios, cortes, enxugamento ou restrições.

Só que a situação é muito mais séria do que poderia parecer. Embora não tenha “caído a ficha” para grande legião de pessoas, o naufrágio da economia é prognóstico de muitos especialistas. Daqui e de fora do Brasil. Aliás, o “Financial Times” foi muito eloquente ao contemplar nosso quadro, que é considerado o de um “doente em estado terminal”.

O que fazer? Desesperar-se? Nada resolve. Fingir que a coisa é passageira? Ilusão. Enfiar a cabeça na areia, como a avestruz, não resolve as urgências que estão nos desafiando a todos. Ao contrário. No momento de dificuldades é que temos de resgatar a criatividade, o esforço, o empenho, o zelo e a vontade de encontrar caminhos.

O Brasil tem experiência em fornecer modelos de empreendedorismo inovador. Um deles foi a Embraer, resultado da mente privilegiada de Ozires Silva. Antes dele, Alberto Santos Dumont já oferecera ao mundo um eloquente atestado da genialidade pátria.

A Embraer é uma grande empresa que deu certo, que fornece aviões para o mundo inteiro e é respeitada. Exemplos de inventividade ocorrem em outros ambientes. O essencial, nestes dias angustiantes, é conscientizar os brasileiros lúcidos de que depende de nós encontrar saídas. Mergulharam-nos nesta sucessão de equívocos. Mas ainda temos as melhores universidades do hemisfério. Há empresários que, não fora o governo atrapalhar, estariam entre os melhores do mundo.

Um protagonismo que deu certo é o das delegações extrajudiciais. Foi uma solução inteligente do constituinte de 1988. Entrega a concursados prestações estatais que serão exploradas por sua conta e risco. O governo não investe nada nas serventias – registros públicos e tabelionatos – e leva boa parte dos emolumentos. Mesmo assim, os delegados dão um show de eficiência e estão anos-luz à frente das prestações estatais diretamente prestadas pelo Estado.

Vamos nos servir dessas experiências e retomar esforços para que o Brasil tenha um porvir menos triste do que o propalado pelos mais pessimistas.

JOSÉ RENATO NALINI é presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo para o biênio 2014/2015. E-mail: [email protected].

Sou Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo. Docente universitário. Membro da Academia Paulista de Letras. Autor, entre outros, de Ética da Magistratura (2ª ed.), A Rebelião da Toga (2ª ed.) e Ética Ambiental (2ª ed.).

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