Alhos com Bugalhos

Alhos com Bugalhos

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Texto de um pediatra da moda, e não menos competente por causa disso, discorre sobre os motivos pelos quais os brasileiros deveriam ter torcido pela Argentina e não pela Alemanha, no final da Copa do Mundo. Elenca quinze motivos tirados de uma comparação entre dados históricos e políticos dos dois Países. Conclui que a história dos brasileiros é mais parecida com a história dos argentinos, e, por isso, os sofridos hermanos deveriam ter recebido o nosso apoio.

Percebam como o futebol é levado a sério. O texto, escrito por um “doutor”, é mais uma prova da confusão que fazem entre o futebol e a política. A escolha da seleção preferida se impõe pelos critérios da análise política e não pela batida forte do coração ou do raciocínio meramente tático-esportivo. Quer dizer então que, segundo os critérios do doutor, seria uma insensatez torcermos simplesmente pelo melhor time, na concepção de cada um?

Dos alhos aos bugalhos.

Aqui mesmo nesse canal, mas em outra postagem, um pequeno exemplo dado a um assunto mais abrangente fez nascer uma fonte de debates.

Falo do mensalão e da condenação dos mensaleiros.

Divergências a respeito dos acertos e desacertos da sentença proferida pelo Supremo Tribunal Federal foram bem expostas na mídia.

Sou da época em que as insatisfações provocadas por decisões judiciais eram tão somente debatidas nos autos (ainda bem que os tempos mudaram).

O que se viu e o que se vê é a polarização política e não jurídica a respeito dessa condenação. Petistas e simpatizantes, de um lado, horrorizam com o que fez o Supremo Tribunal Federal, comandado pelo Ministro Joaquim Barbosa. E de outro lado, aqueles que não têm motivos para politicamente criticar a condenação do mensaleiros, incluindo nesse campo o grupo das simples paixões despertadas pela mídia e o grupo dos antipatizantes da turma partidária que está na administração atual da coisa pública.

Os tempos são mesmo da política. Os tempos “da jurídica” já se foram, tanto que a ordem agora é desjudicializar.

5 comentários

  1. Eu sou um grande apreciador da política. Nasci em um berço político. Entre as montanhas das alterosas, respirava, desde a mais tenra idade, toda atmosfera da mais genuína arte. Sim, ser político é ser artista. Agora, ela é algo tão intrínseco a pessoa, que vai se moldando com seu caráter. O ministro Joaquim Barbosa,ao relatoriar a Ação Penal 470, referente a “um dos episódios mais vergonhosos da história política de nosso País” (só para avisar que essas palavras não são minhas, pertencem ao decano do STF, Celso de Mello), buscou, de forma inequívoca, tirar a conotação exclusivamente jurídica do julgamento, fugindo do tecnicismo exacerbado e a liturgia do posto que ainda ocupa. Ele foi um político. Não é a toa, que figurava como um dos possíveis presidenciáveis. Não me parecia , em que pese as mais variadas discussões, que quisesse agradar a tucanos da mais alto plumagem. Ressalto, salvo engano, que ele foi eleitor confesso da turma que esta aí no poder e que o levaram para a mais alta corte. Vejo-o como um abnegado e isso é que está faltando a quem se diz apto a fazer política ou ser político.

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